sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Quem é Seu Pai Agora?

Quem é seu pai agora?

Lembre-se desta cena de Duelo de Titãs, um filme em que Denzel Washington retrata um treinador de futebol do ensino médio. O treinador está próximo de um de seus jogadores enquanto o time está subindo a bordo do ônibus para ir para o campo de treinamento. O jovem desrespeitoso se expressa de maneira a inferiorizar a autoridade do treinador.
"Onde estão seu pessoal, seus pais? Eles estão aqui? Onde eles estão?", pergunta o treinador.
O jogador aponta para sua mãe que está de pé no outro lado do estacionamento. O personagem de Washington olha para a mãe, então volta para o filho, e diz: "Legal. Olhe bem para ela. Porque uma vez que você entrar naquele ônibus, você não terá mais mãe nenhuma. Você tem seus amigos no time e você tem seu pai. Agora quem é seu pai?"

O jovem fica calado, incerto sobre o que responder.
"Quem é seu pai?"
Nenhuma resposta.
"Quem é seu pai?", o treinador hesita e então exige:
"Quem é seu pai?"
"É você." O jovem jogador finalmente diz.
Fizeram a mesma pergunta para uma de minhas filhas espirituais, mas num contexto diferente. Ela estava aprendendo a pilotar um helicóptero. O cenário e a vista eram incríveis!
"Então quem é seu pai?", o piloto perguntou brincando, percebendo o entusiasmo dela.
"É você!", ela respondeu.
Quem é seu pai?
A pergunta é uma gíria para: "Quem está no controle das coisas? Quem está te mostrando como fazer as coisas? Quem está cuidando de você?". Algumas vezes é usado de modo depreciativo, implicando controle e manipulação e mesmo coerção, e algumas vezes é usado comicamente.

A questão é um comentário sobre o nosso tempo – uma geração destituída da intimidade que se espera da unidade familiar – que nós compensamos por meio de termos refletindo nossa necessidade.
"Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca." Mateus 12:34b
Deus quer ser o Aba-Pai para uma geração inteira. Aba é o termo aramaico para "pai", a palavra usada para expressar intimidade e afeto. Eu não pretendo promover uma comum, casual ou irreverente descrição de Deus o Pai. Ele é um Deus Santo e nós O honramos para a glória do Seu nome. Ainda mesmo em Sua santidade, Seu amor é tão grande que Ele deseja que nós tenhamos a inocente ousadia para vir para Ele como nosso Pai, nosso Papai, em tempos de necessidade (Hebreus 4:16).
Eu acredito que o centro de todo problema que nós enfrentamos como indivíduos, como geração e como nação – mesmo o Islã radical – é o ponto decisivo de conexão com um pai. É uma questão escondida, uma questão de confiança quebrada.
Eu lembro quando, enquanto menino, essa confiança foi quebrada com meu próprio pai. Meu pai era um homem-rã demolidor debaixo da água – hoje, nós diríamos que ele faz parte da unidade de força especial dos Estados Unidos. Nós estávamos na Base Anfíbio no Coronado, Califórnia. Para um menino estar na Base Anfíbio era maior que a vida. Papai tinha comprado nadadeiras e uma máscara novos em folha para mim, exatamente como os membros da força especial usavam. Papai já estava na água e eu estava tão animado que dificilmente poderia me conter enquanto andava para a beira da piscina. De repente, eu fiquei imobilizado no caminho assim que compreendi que meu pai estava bêbado.

"Pule, Doug", ele disse. "Venha, filho. Pule."
Eu queria tão angustiadamente pular para estar com meu pai. Ele podia nadar como um peixe, e eu queria aprender, também. Mas eu estava congelado pelo medo. Se ele realmente me amava, por que ele estaria tão bêbado? Eu estaria seguro com ele? Eu poderia confiar nele?
Eu não poderia fazer aquilo – Eu não poderia pular. Eu estava com medo, eu iria me afogar porque ele não estava no controle dos seus sentidos. Uma medida de intimidade com o meu pai foi quebrada naquele dia e nunca foi restaurada. E eu nunca aprendi a nadar.
Em algum ponto, todos nós experimentamos quebra de confiança. Quando isso acontece repetidamente nós injustamente ligamos nosso Pai Celestial com nossos ferimentos, machucados e desconfiança resultantes dos relacionamentos terrenos prejudicados. Essas raízes de dor têm resultado em gerações de órfãos que não entendem o amor de um Pai Celestial porque eles nunca tiveram o amor de um pai terreno. Eles não sabem como confiar em seu Pai Celestial porque eles foram incapazes de confiar em seus pais terrenos.
Então, agora, nós temos uma geração formada que não sabe como ser bons pais e boas mães, tentando levantar uma geração emergente que também está necessitada. Nações inteiras têm se feito órfãs do Pai Celestial ou ainda têm que entrar na revelação de Deus como Pai delas. E igrejas têm abandonado o Pai porque eles têm negado o Filho. Eu chamo isso do "des-CRISTO-amento" de nossas igrejas.

Todos nós estamos procurando identidade por meio do que eu chamo de os três "A"s: afirmação, aceitação e aprovação. Nós procuramos por isso como indivíduos, como gerações e como nações. Mas o plano redentor de Deus é que Ele quer derramar Sua graça sobre essa geração e sobre nações inteiras, porque Ele é o Pai de todas as gerações e nações!
"Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça" escreve Paulo (Romanos 5:20). Então onde há uma geração inteira "abundando" na dor da ausência paterna, quanto mais irá a graça de Deus abundar sobre esta geração! Se a questão está incorporada à ausência paterna, então o plano redentor de Deus é um derramamento de graça sobrenatural sobre uma geração que não recebeu o amor, o abraço ou a afirmação de pais terrenos.
Deus é "um pai para aquele que não tem pai" e um defensor da viúva, e põe o "solitário em famílias" (Salmos 68:5-6, parafraseado). Deus deseja pegar os órfãos, anormais na percepção do mundo, e colocá-los na família do corpo de Cristo.

Extraído do Livro - Who's your daddy? (Quem é seu pai?)
Autor - Doug String
Tradução- Andreia Parente